Taí uma pergunta que eu sempre me confundo pra responder. Estranho, porque Design é algo que vivencio e penso todos os dias, mas encontrar uma definição simples e objetiva não é tão fácil assim.
Recentemente me deparei com o texto que mais se aproximou do que eu acredito que seja uma resposta correta, ele está entre as páginas 49, 50 e 51 do livro “A Linguagem das Coisas”, de Deyan Sudjic, diretor do Design Museum London. Indico a leitura para todos os designers e pessoas que se interessam por temas como consumo e comportamento. O trecho em questão é esse aqui:
O design, em todas as suas manifestações, é o DNA de uma sociedade industrial – ou pós-industrial, se é isso o que temos hoje. É o código que precisamos explorar se quisermos ter uma chance de entender a natureza do mundo moderno. É um reflexo de nossos sistemas econômicos. E revela a marca da tecnologia com que temos que trabalhar. É um tipo de linguagem, e é reflexo de valores emocionais e culturais.
O design é a linguagem que uma sociedade usa para criar objetos que reflitam seus objetivos e seus valores. Pode ser usado de formas manipuladoras e mal-intencionadas, ou criativas e ponderadas. O design é a linguagem que ajuda a definir, ou talvez a sinalizar, valor. Cria as pistas táteis e visuais que sinalizam “precioso” ou “barato” – mesmo se, dada a infinita capacidade de ironia da mente humana, e a busca permanente por novidade, esses sinais forem regularmente subvertidos. Na moda, uma vez que um signo se torna óbvio, é inevitável que seu significado se inverta. Ruim equivale a bom. O que é buscado inescapavelmente se torna ubíquo. E vice-versa.
E é o design que pode servir como meio para criar uma noção de identidade – cívica, coletiva e pessoal. É o design que cria insígnias nacionais e marcas de empresas.
O design também tem outro tipo de ressonância. Não vamos esquecer que o bom design é também um prazer em si mesmo. A qualidade estética e escultural de um copo ou uma cadeira e a elegancia intelectual de uma interface são expressões criativas intrinsecamente apreciáveis. Como também a elegância com que um software interage com seus usuários.
E aí, concordam?
Alguns Comentários:
1 – Sobra pouca coisa pra discordar.
Ele falou tudo que é o que pode ser. Não é pouco, mas como ele disse, tem seu lado positivo e negativo. Depende de nós, designers, a marca que vamos deixar na sociedade. De vendedores de sabonete, ou de tradutores visuais de nossa época.
2 – Concordo com esse ponto de vista pois design e propaganda são meios d emovimentar o capitalismo, o pensamento e a criatividade humana. Podem ser manipuladores sim, mas são principalmente demonstrativos. Sou apaiszonada pelo design porque mostra cm nosso pais e sociedade é cheio de pessoas criatividades e talentosas … Parabens pelo trabalho de voces…
PS.: Adooooooooorrrrrrrrooooooo o blog… ( ta bom acho que ja comentei demais)
BJS…
3 – Tudo isso que ele disse faz realmente parte do design, mas acho muito difícil definir o design, porque ele aborda o conceito, aborda os processos, aborda o resultado final…
Assim como Wollner falou, o design é projeto e um projeto é algo extenso, profundo e modular. Cada um tem sua variação, mas de fato todos são criados para interfirir na relação do homem com o objeto.
Na realidade, acho que designers, na sua mais profunda essência, estão em instinção. Aqueles que encaram um novo projeto gráfico não só como mais uma ilustração, mas o estudo da interação como era feito em Ulm ou Bauhaus, são poucos.
Quem me conhece sabe que eu sempre cito as escolas do movimento modernista, pelo fato de elas buscarem a essência das coisas. Não sou contra a ilustração digital, contra o Photoshop, mas ainda acho que o designer que se preza, deve conhecer o princípio de tudo. O ponto, a linha…Acho que a habilidade é importante mas design acima de tudo, pra mim, é entender que o simples fato de a caneta Bic ser hexagonal não faz ela rolar na mesa e isso é mais essencial e bonito do que qualquer caneta fluorescente descolada.
4 – Uma ótica interessante sobre o tema, concordo plenamente.
5 – sempre fico com essa dúvida, o design é realmente tão importante assim? ele tem todo esse poder de delinear ou dar forma ao que a sociedade compra ou usa?
e se ele tem todo esse poder, porque nós designers somos tão fracos enquanto voz nessa sociedade.
concordo com o autor, mas gostaria de saber se nós só refletimos a sociedade ou podemos moldar esse reflexo também…
6 – Não podemos esquecer de falar sobre design como forma de contato com as pessoas. Não só na forma visual, o design pode aparecer como comportamento, como abordagem e como estratégia para solução de problemas intangíveis.
O Brasil está começando a entender o design como estratégia, aquele que invade o mundo dos negócios e das grandes empresas, que faz o executivo utilizar a forma de fazer design para coordenar a estrutura de seu negócio.
Parabéns pelo post!