Enfim o terceiro capítulo! Estratégia de Ataque vai trazer os primeiros ensinamentos para a guerra “física”, a batalha em si, até então vimos mais os aspectos psicológicos e filosóficos sobre o eu (nós/você) no contexto “conflito”, visões e ideias pessoais de moralidade, “ética” e formas de e agir e pensar, Sun Tzu começa agora a tratar um pouco do inimigo, você deve conhecer suas ações totalmente para ter vitória.
A habilidade suprema não consiste em ganhar cem batalhas, mas sim em vencer o inimigo sem combater.
Estratégia de Ataque
Partindo de uma via oposta, Sun Tzu prega que é melhor ter atitudes “conservadoras” do que “destrutivas” com os inimigos, para explicar melhor vamos usar uma de suas citações.
Como regra geral, é melhor conservar um inimigo inato do que destruí-lo. Destruir um país leva à ruína e diminui o seu valor.
É melhor capturar todo um exército que destruí-lo; preservar um batalhão inteiro, do que arrasá-lo.
No último capítulo eu comentei que o “designer trabalha com informação“, partindo da mesma ideia de “conservar” e “destruir”, prefira conservar a informação para os olhos do público do que destruí-la. Parece algo óbvio e simples, mas não é. Por quê? Uma simples alteração mesmo que pequena pode destruir a informação completamente, não altere sua forma base, seu contexto cru, também não ache impossível agregar novos conceitos para a informação, neste sentido você estará criando novas maneiras de visualizar algo antigo, e isso é valido. Para resumir, não tire o FOCO PRINCIPAL da informação, caso contrário você estará destruindo a informação.
Para começar a atacar você antes precisa destruir a mente do inimigo, A Arte da Guerra gira em torno de uma batalha mental, são mentes usando como armas a inteligência, está é a verdadeira forma de ataque.
Numa guerra portanto, é fundamental destruir os planos do inimigo.
Destrua seu modo de pensar, de visualizar algo, o design muitas vezes segue este conceito. É preciso quebrar paradigmas, planos que já foram usados, se não ficamos naquela velha mesmice de criações padronizadas. Você tem mais chance de criar uma peça eficiente quando inova a maneira de visualizar a informação antiga.
Depois, destrua suas alianças.
Acabe com as “conexões” antigas para deixar a peça única e criativa.
Enfim, ataque suas tropas.
E por fim parta para o objetivo.
Lembra que no segundo capítulo foi citado que as guerras “devem ser extremamente rápidas para assim conservar recursos e poder “.
Vemos agora outra citação que entra no contexto.
O verdadeiro Mestre da Guerra domina um exército sem lutar; conquista uma cidade sem cercá-la; derruba um estado sem se demorar muito. *
A verdadeira Lei da Guerra consiste em conquistar tudo de modo inato, sem esgotar as forças. Essa é a Lei da Estratégia de Ataque.
* Uma nota do tradutor do livro explica uma visão interessante para entender esta parte.
Aqui parece que Sunzi utiliza o conceito de “Não-ação” (Wuwei), proposto pelos daoístas. “Wuwei” não significa exatamente, porém, “Não-Ação”; sua melhor tradução seria “movimento natural“, um movimento que denota o fim em si mesmo da razão da ação.
Se o design for criado com inteligência não será preciso “longas campanhas” para atingir seu máximo, ele seguirá um curso por si mesmo, terá em essência o movimento natural de Sun Tzu. É uma tarefa que beira o impossível, mas ainda é possível, basta usar da sua melhor arma a inteligência.
Há cinco modos de saber quem será o vencedor:
1° Saber quando lutar e quando não lutar.
2° Saber quando utilizar muitas ou poucas tropas.
3° Saber quem tem tropas superiores e inferiores com igual motivação.
4° Saber que se deve estar preparado a atacar o inimigo desprevenido.
5° Ter generais capazes que não sejam limitados por burocratas.
Conheça a si mesmo e ao inimigo e, em cem batalhas, você nunca correrá perigo.
Conheça a si mesmo, mas desconheça seu inimigo, e suas chances de ganhar e perder são iguais.
Desconheça a si mesmo e ao inimigo e você sempre correrá perigo.
Tudo na vida gira em torno de domínio, estratégia, pensamento, inteligência, velocidade … Conhecer é fundamental.
Cada designer deve procurar a sua maneira de criar. Note que os grandes profissionais do mercado são quase únicos, cheios de exclusividades. Mas por que eles são únicos? o que faz eles únicos? é o simples fato de terem visões que se diferenciam do todo, eles não pensam como a grande maioria, não enxergam como pessoais normais, de ramos normais, e pensamentos normais, são detalhes que movem suas ideias e isso faz com que eles se tornem exclusivos, eles conhecem a si mesmos e ao seu público.
Design não é apenas dominar ferramentas (Desde teorias até conceitos), design na verdade é dominar a realidade, temos que ir além de forma, função, cores, ideias … devemos dominar a mente do inimigo sem ele perceber, fazer com que ele se mova a nossa vontade. Como você vai fazer isso? Resta descobrir sua maneira, ou melhor o seu caminho, não há formula matemática aplicada para isso, vai depender unicamente do seu raciocínio.
Autor: Matheus Conti Rocha